quinta-feira, 18 de julho de 2013

Happy Birthday Madiba



Certamente uma das pessoas mais notáveis desta era.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Ser Português é um luxo

Esperei ontem, pacientemente, por ver Joana Vasconcelos na RTP, esperei e valeu bem a pena, esperei e ouvi-a dizer "ser Português é um luxo". Não podia estar mais de acordo. Um luxo. Um luxo do qual nem sempre nos apercebemos, do qual cheguemos porventura a duvidar. Não duvidamos. Ouvi, em tempos, um discurso onde me diziam que Portugal é um pouco como a aldeia de Asterix e Obelix, mas a quem lhe faltam os Romanos para se gladiar e se aperceber do seu real valor. Achei inteligente. Mas "um luxo" conquistou-me. Há momentos em precisamos de uma terceira pessoa para pôr por palavras aquilo que já sabíamos. Obrigado Joana.

Joana, conhecia já o teu magnífico trabalho em Versailles -- não, não tive ocasião de o visitar, mas não me escapou o prazer de o visitar em livro, num belo passeio com o meu bom amigo E., numa visita à não menos magnífica livraria Lello.

Vejo-me hoje envolto num estudo à essência da linguaguem, falam-me de Frege, sentido e referência, Russel, reis de França carecas, Wittgenstein, necessidades e Kripke, e continuam, continuam, continuam; leio, volto ao princípio para tentar assimilar, e volto ao princípio deste post para passar de linguagem a língua, a portuguesa, claro, aquela me faz sentir que ser Português é um luxo, porque o previlégio de ler e ouvir Chico, Cesária, Elis, Jorge, Eça, José sem precisar de tradutor é, digamos, um luxo.

Oh Chico, aqui que ninguém nos ouve, quando nos dás um novo livro a ler? Anda lá, pá! Sei que não será fácil, mas, de salto quântico em salto quântico, não consigo sequer imaginar o que virá depois de teres leite derramado. E com Chico vos deixo.


Estamos, sim, verdade, a atravessar momentos difíceis. Mas é um luxo. Não confundamos, ainda assim, a estrada da beira com a beira da estrada, ou, digamos, a obra prima do mestre com a prima do mestre de obras.:)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Eduardo Galeano, a minha vénia, que prazer

Para ligar o corpo ao intelecto, o intelecto ao corpo, revitalizar essa vitamina E, de Energia e Entusiasmo, E que vem logo a seguir ao D, vitamina potenciado pelo Sol, quem mais:), para eternizar a memória -- e como é belo poder fazer frases longas, de vírgulas infinitas -- porque outros meios são mais perenes, trago aqui estas grandes intervenções de Galeano, Uruguaio, escritor, intelectual maravilhoso. Ah, não, intelectual não, nem guru nem sábio, não um intelectual com uma mensagem para a Humanidade, porque intelectuais lhe dão pena, intelectuais serão os que divorciam a cabeça do corpo, e Eduardo não quer ser uma cabeça que rola por aí; antes uma pessoa, com corpo, sexo, barriga, completo, porque -- diz -- como dizia Goya, a razão gera monstros.

Faço um parêntesis, acrescento um, provavelmente o maior dos maiores, dos Nossos intelectuais (hmm.. e esta?), Pessoa. Não sob a voz de Fernando, mas sob a do Barão de Teive: "Não há maior tragédia do que a igual intensidade, na mesma alma ou no mesmo homem, do sentimento intelectual e do sentimento moral. Para que um homem possa ser distintivamente e absolutamente moral, tem que ser um pouco estúpido. Para que um homem possa ser absolutamente intelectual, tem que ser um pouco imoral. Não sei que jogo ou ironia das coisas condena o homem à impossibilidade desta dualidade em grande. Por meu mal, ela dá-se em mim. Assim, por ter duas virtudes, nunca pude fazer nada de mim. Não foi o excesso de uma qualidade, mas o excesso de duas, que me matou para a vida", A Educação do Estóico.

Estaria, Eduardo?, Estóico a lutar contra a fusão contraditória, muito difícil mas necessária, a fusão do que se sente e pensa, para não só sentir -- cuidado, é sentimental; não só pensar, que medo, é um intelectual, lutar para combinar o cérebro com as tripas, tudo, sem esquecer nada.


Sonha o Eduardo com o incorporar no código penal do delito da estupidez, com trabalhar para viver, com a actualização do sexto mandamento para o festejo do corpo, e com o acrescento -- por certo sim, estaria cansado Deus e o não o inclui, amarás a natureza da qual fazes parte.

Para não só sonhar, ligo à "realidade", olho para os números da nossa vizinha Espanha, um desemprego entre jovens gritante, para lá do inconcebível, uma situação económica quase tão no "lixo" como a nossa, segundo a "Banalidade&Pobreza". Vejo os números e vejo Madrid, a Praça do Sol repleta, repleta de voz, de energia, entuasiasmo, lembro-me dos meus amigos espanhois e tenho apenas uma certeza: vencerão, as vitaminas E e D que carregam são profundas.

Grande Eduardo Galeano, "seremos imperfeitos, porque a perfeição continuará sendo o chato privelégio dos deuses, [-- e não o queremos, queremos tão só a vitamina E, de os ter cá dentro --] mas neste mundo, neste mundo trapalhão e fodido, seremos capazes de viver cada dia como se fosse o primeiro e cada noite como se fosse a última".


Conta que a utopia está no horizonte, se caminho 10 passos, 10 passos ela se afastará. Serve para isso, para caminhar. Ao Caminho:-)

domingo, 22 de maio de 2011

Art can change the world

and quite easily: it can change you, and that does change the world, as a side effect

Falava ao telefone após o almoço; não, hoje n estou em Viana, vim a Aveiro, ao TED --- téde, o que o téde?  TED são "ideas worth spreading"; ahh...
Sim, isto vai lá bem, mesmo muito bem, mas é com um, ou três, exemplos:

JR's 2011 TED prize,

William Kamkwamba, The Boy Who Harnessed the Wind

Benjamin Zander, Classical music with shining eyes

E os meus parabéns ao TEDxAveiro 2011, foi refrescante!

sábado, 16 de abril de 2011

93 minutos sobre Chernobyl

26 de Abril de 1986, dia que marcou e mudou muitos destinos, dia do acidente de Chernobyl, relatado neste documentário, 93 minutos de um relato marcante, os erros e as ocultações iniciais que impediram a evacuação atempada de toda a população, a força e o espiríto de missão dos muitos soldados, mineiros e voluntários, o quão mais grave poderia ter sido, o impacto para o futuro, o marcar do início da desmantelação nuclear...
we calculated that our most powerful missile, the SS18, was as powerful as 100 Chernobyl [...] and we had 2700, 2700! Imagine the destruction

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Chico


de olhar, indicador e anelar atentos percorro as estantes
littérature française, oui, c'est ça, le français me manque un peu parfois
peut être un livre français
oui
le petit prince
c'est parfait
o principezinho
há quanto tempo ando para o ler, como é que ainda me continua a escapar
sim, o principezinho, na língua original
olhar, indicador e anelar novamente atentos
não tem...
...
inglês...
só títulos em jeito de pacote de leite descartável
olhar, indicador e anelar recolhidos
mãos estendidas
salta-me Benjamim
ainda vou a tempo de as fechar
o escritor encontra o compositor pela via do lirismo, e o resultado não é só alta literatura, mas também uma poesia dolorosa, uma quase-música que embala e comove, diz o Folha de S. Paulo
gosto
trago

no dia em que escrevesse um livro seria assim, carregado de incondicionais, mudanças, enumerações, descrições belas ora depressa, ora devagar, domínio absoluto do ritmo diria o Folha, concordaria

Ele é Benjamim, Chico Buarque, belo, belo

uma espreitadela..

  Benjamim retoma o radiotáxi com Ariela e sente-se provinciano em seu traje completo. Ela, de short e camiseta, deixa claro que nunca se acanhou com restaurantes de luxo; a um maître exótico, terá autoridade para ordernar um filé com fritas. No centro do banco, como baliza a separá-los, Ariela finca a bolsa de lona cilíndrica, de cuja boca sobressai um prospecto afunilado. Talvez temesse que Benjamim alisasse a penugem de suas pernas, que ela cruza sobre o banco como um iogue, tendo largado as sandálias no chão do carro. E Benjamim deveras contempla aquela trança de pernas, aquelas polpas que às vezes lhe parecem uma ninhada na bacia de Ariela. Ela traz as mãos espalmadas sobre os joelhos e, contra o prognóstico de Benjamim não usa batom. Exibe cada ângulo do seu rosto lavado, girando-o em todas as direções, à maneira de turista chegando do aeroporto. De quando em quando repousa os olhos em Benjamim, como numa árvore, depois sorri sem abrir a boca e volta a apreciar o comércio. Às margens de um horto Benjamim fala "exuberante vegetação", e a declaração fica boiando no interior do radiotáxi silenciosa até a porta do restaurante. Benjamim dá um salto ágil e contorna o carro para apear Ariela, porque o porteiro de luvas está atendendo uma limusine.

domingo, 24 de outubro de 2010

Parabéns, senhor engenheiro

...ou a minha vénia à rádio e ao bom jornalismo.


Desde há algum tempo que o Sinais é, para mim, provavelmente, o programa de rádio mais notável a circular nas nossas ondas hertzianas. A este, juntar-lhe-ia ainda o Governo Sombra e o delicioso Pessoal... e Transmissível para formar um leque que me dá verdadeiro prazer de ouvir, guardar e manter por perto.

(Em comum têm todos o facto de pertencerem à TSF, uma rádio que certamente ouviria muito mais amiúde não fossem os horrendos intervalos para publicidade colocados no ar uns bons 10 decibéis acima da restante emissão.)

Ao Fernando Alves e ao Carlos Vaz Marques a minha vénia sentida, o meu obrigado pelo trabalho que desenvolvem. Sobre os programas a minha recomendação viva: oiçam:)

Para exemplo, notável e tão actual, o Sinais do último dia 15, Parabéns, senhor engenheiro. 

(Ah, e do 'Pessoal', de repente, sei lá, LlosaA. MaloufBruno Aleixo :p )

sábado, 9 de outubro de 2010

Mariza, num conjunto de doze grandes mulheres, de água, com Limón


Mariza e Javier Limón são velhos amigos e "companheiros de estrada" (para puxar aqui a brasa ao nome do blog): J.Limón tinha já sido o produtor do último álbum de Mariza, "Terra". Voltam agora a juntar-se num projecto concebido por J. Limón que junta e presta homenagem às mulheres e vozes da bacia do Mediterrâneo. Vi Limón contar, numa entrevista, que lhe ficou a faltar a participação de uma grande voz Iraniana --- das mais belas do mundo, contava. Que tentou, mas cantar em público é, no Irão, interdicto às mulheres lá nascidas. Deixou-lhes a dedicatória do álbum. Deixa-nos doze grandes canções, por doze grandes vozes, Mariza, Aynur, La Susi, Estrella Morente, Carmen Linares, Concha Buika, Montse Cortés, Sandra Carrasco, La Shica, Yasmin Levy, Eleftheria Arvanitaki e Genara Cortés.

domingo, 20 de junho de 2010

Vem, Que Te Chamei


Eu chamei-te para ser
Sophia de Mello Breyner Andresen
Coral

Eu chamei-te para ser a torre
Que viste um dia branca ao pé do mar.
Chamei-te para me perder nos teus caminhos.
Chamei-te para sonhar o que sonhaste.
Chamei-te para não ser eu:
Pedi-te que apagasses
A torre que eu fui a minha vida os sonhos que sonhei.

sábado, 8 de maio de 2010

Um predador. Uma delícia. valter hugo mãe em pessoa.

Foi na Póvoa do Varzim, no passado mês de Fevereiro---sim, faço parte do grupo daqueles que ainda acham relevante uma boa notícia mesmo com mais que uns quaisquer 20 segundos de antiguidade; afinal é da soma do seu trajecto que se constrói a identidade de um povo, mas voltemos ao ponto de partida---que um grupo de criadores portugueses, com uma bem-vinda intromissão espanhola, se juntou à volta de uma mesa a pretexto do tema "o poeta é um predador".

Há dias, a antena2, n’a força das coisas, teve a bonita ideia de nos recordar o que por lá se disse.

E servem estas palavras para introduzir um dos pontos altos do evento, o predador valter hugo mãe, uma delícia de prosa que aqui deixo em versão áudio. Palavras proferidas pelo próprio autor. Um prazer de escuta. Sente-se, relaxe, e, espero, aprecie:)

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A versão em texto pode ser encontrada aqui.

sábado, 24 de abril de 2010

Um pé no fundo do mar...

Navegando pela história do meu querido país de fundação e passado acutilantes, descobri que, chegados a Abril de 2010, determinou-se que oferecer 200000 euros a um político para influenciar a sua decisão sobre determinado assunto não é crime.

Reza a história de tal acontecimento que o acto em causa “não preenche a factualidade típica do crime de corrupção activa de titular de cargo político”.

"Típica"?

"Típica"??

...

"Típica"??????????????????????????

Ahhh.. então é isso, está tudo bem e somos todos bons rapazes, honestos e inocentes, porque não seguimos o procedimento típico!

Quais torres eólicas e Magalhães (desculpa Fernão, não é para ti), na ?justiça? sim, estamos, de facto, na vanguarda da inovação!

Deixo, peço desculpa pela linguagem, a minha opinião sincera sobre o assunto:

Foda-se! 
Mas o que é isto?!?