quarta-feira, 7 de abril de 2010
Contemplating the Void
Contemplating the Void é uma iniciativa do Museu Guggenheim NY que reuniu cerca de duas centenas de propostas para um novo viver da sua rotunda. Entre as propostas recolhidas, dois Portugueses, Paulo David e Álvaro Siza Vieira; roubo do Público as descrições de ambos do seu trabalho; acrescento as ligações directas onde os encontrar.
[...]a proposta de Álvaro Siza não acrescenta, não exacerba, não manipula ao ponto de tornar o espaço original irreconhecível. "Ele é de uma tal beleza", diz por telefone. "Não ia fazer essa maldade." O arquitecto português propõe a colocação de um espelho gigante de curvas reentrantes, invertidas em relação às da espiral de Wright, no átrio do museu. O espelho reflecte a parte de cima do edifício - a cúpula de cristal -, como se o virasse do avesso.
Comparada com outras, a intervenção de Siza parece um caso de humildade: reforça o que já existe, originalmente, no espaço. "Não gosto muito dessa interpretação de humildade", defende o arquitecto. "Gostaria de ser humilde em absoluto. Não é verdade. Por outro lado, é extremamente ambicioso porque [a minha proposta] permite reforçar o ideal que está presente naquela obra - o de um espaço total, sem princípio nem fim." Álvaro Siza explica que quem entra naquele edifício "tem a sugestão da esfera", "uma impressão de totalidade". Claro que a continuidade total não é possível: "Quando chega lá acima, a rampa termina de forma quase frustre", nota, "vai por ali fora e de repente faz uma curvazinha e acaba". Mas o seu jogo de espelhos contraria isso, completa esse ideal de totalidade.
Paulo David define a sua intervenção como "um gesto muito simples". Através de uma projecção de vídeo, propõe escurecer o interior do edifício até obter uma luz azul, "como se estivéssemos num ambiente submerso". Ao mesmo tempo, o lado exterior do corrimão da rampa é convertido num ecrã sobre o qual é projectado um feixe de luz que percorre toda a espiral. Paulo David explica que a ideia lhe foi sugerida pela dinâmica descendente da espiral, que evocou nele "um grande movimento de água". A par disso, inspirou-se noutra obra referencial de Wright com uma forte presença da água: a Casa da Cascata, construída em 1937, na Pensilvânia. Assume que não quis fazer uma intervenção arquitectónica. "O que nos entusiasmou aqui foi não ser arquitecto. Usar o edifício para uma intervenção artística." E diz que parte do mesmo gesto que Siza: a sua proposta é "realizável, mas não toca no edifício." "Há um carácter de respeito e de atenção ao próprio edifício. Uma espécie de pisar leve."
Porque vale a pena uma visita, todo o projecto aqui.
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