quinta-feira, 14 de março de 2013

Ser Português é um luxo

Esperei ontem, pacientemente, por ver Joana Vasconcelos na RTP, esperei e valeu bem a pena, esperei e ouvi-a dizer "ser Português é um luxo". Não podia estar mais de acordo. Um luxo. Um luxo do qual nem sempre nos apercebemos, do qual cheguemos porventura a duvidar. Não duvidamos. Ouvi, em tempos, um discurso onde me diziam que Portugal é um pouco como a aldeia de Asterix e Obelix, mas a quem lhe faltam os Romanos para se gladiar e se aperceber do seu real valor. Achei inteligente. Mas "um luxo" conquistou-me. Há momentos em precisamos de uma terceira pessoa para pôr por palavras aquilo que já sabíamos. Obrigado Joana.

Joana, conhecia já o teu magnífico trabalho em Versailles -- não, não tive ocasião de o visitar, mas não me escapou o prazer de o visitar em livro, num belo passeio com o meu bom amigo E., numa visita à não menos magnífica livraria Lello.

Vejo-me hoje envolto num estudo à essência da linguaguem, falam-me de Frege, sentido e referência, Russel, reis de França carecas, Wittgenstein, necessidades e Kripke, e continuam, continuam, continuam; leio, volto ao princípio para tentar assimilar, e volto ao princípio deste post para passar de linguagem a língua, a portuguesa, claro, aquela me faz sentir que ser Português é um luxo, porque o previlégio de ler e ouvir Chico, Cesária, Elis, Jorge, Eça, José sem precisar de tradutor é, digamos, um luxo.

Oh Chico, aqui que ninguém nos ouve, quando nos dás um novo livro a ler? Anda lá, pá! Sei que não será fácil, mas, de salto quântico em salto quântico, não consigo sequer imaginar o que virá depois de teres leite derramado. E com Chico vos deixo.


Estamos, sim, verdade, a atravessar momentos difíceis. Mas é um luxo. Não confundamos, ainda assim, a estrada da beira com a beira da estrada, ou, digamos, a obra prima do mestre com a prima do mestre de obras.:)